domingo, 17 de janeiro de 2010

Sílabas

















Sílabas de cristal translúcido,

geladas do Inverno agudo,

moram no pico árido e rochoso

das montanhas acres da língua!


Ácidas como os citrinos verdes,

soltam-se em dardos afiados

contra os lábios meigos e sedosos

que lhe barram a escapada furtiva.


E, enquanto um sorriso pálido

me pinta o rosto sombrio,

a boca encerra feridas e aftas

no seu interior de veludo violeta.


Caiem-me as pálpebras

com as chuvas da noite!

Os dentes amordaçam-me o verbo

e a goela estrangula-me o berro!

Engulo as sombras famintas

e as nuvens de trovoada

explodem-me no ventre!

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