Sílabas de cristal translúcido,
geladas do Inverno agudo,
moram no pico árido e rochoso
das montanhas acres da língua!
Ácidas como os citrinos verdes,
soltam-se em dardos afiados
contra os lábios meigos e sedosos
que lhe barram a escapada furtiva.
E, enquanto um sorriso pálido
me pinta o rosto sombrio,
a boca encerra feridas e aftas
no seu interior de veludo violeta.
Caiem-me as pálpebras
com as chuvas da noite!
Os dentes amordaçam-me o verbo
e a goela estrangula-me o berro!
Engulo as sombras famintas
e as nuvens de trovoada
explodem-me no ventre!
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