domingo, 23 de novembro de 2014

Planta de água
















Cada fio do teu ventre líquido
desliza-me na pele nua
como um manto de seda azul.
Provo-te o sabor agridoce
que se desfaz na minha boca,
hidratando-me as vísceras secas, ásperas…

Corro em direção a ti,
ao encontro da profundidade oceânica
que me prometeste um dia,
quando adormecia ao pôr-do-sol
e avistei uma estrela cadente,
tão brilhante que tomou o lugar do astro-rei
para me plantar esta semente
que viria a germinar numa planta de água…
Não é salgada como o mar,
mas doce como um pequeno rio enroscado nas montanhas…

Como poderás viver numa terra árida,
tu que te alimentas de água pura e cristalina?
As tuas raízes irão murchar e encolher,
serão embalsamadas neste deserto de catos
que trago plantado no peito.

sábado, 22 de novembro de 2014

Laranja

Cada gomo uma acidez diferente…
cores forte que se misturam na saliva quente,
deslizando entre a língua e os dentes,
liquefazem-se num veludo licoroso e cítrico,
despertando-me o corpo dormente…
…….Despido de luz!
Como num arrepio que sobe pelo dorso nu,
percorres-me o pescoço arqueado e os seios hirtos
enquanto te dissolves em cada um dos meus lábios…