quarta-feira, 27 de abril de 2016

Não ser

Esfrega os olhos, a boca, o rosto
na lama que te sustenta o corpo pálido…
Desata o espartilho que te sufoca o peito,
a carne e as costelas rubras
e grita a plenos pulmões até as lágrimas
te derreterem o fel que pulsa nas veias…

Desamarra o cordão umbilical da matéria
que sulca as rochas como ondas bravas de mar
e mergulha nesta cratera seca, estéril
até seres pó e fumo transparente
cavalgando no dorso das nuvens negras
que se adensam sob a tua forma disforme.