quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ser quem não sou


Na voracidade dos dias, procuro um sinal de eternidade,
um vestígio que refute a racionalidade do que é efémero
e desvenda uma lua cheia de impossíveis por realizar...

Nestes ínfimos grãos que deslizam invisíveis
por entre os dedos esguios,
procuro-me... procuro-te...
esse pedaço que se esvai instantaneamente
e me surpreende num regresso imprevisível,
sempre insuficiente...
É como as estrelas que brilham
mas não conseguem iluminar
ou os pirilampos tímidos
diante de um sol intenso de primavera!
É como aquele candeeiro de pé alto e imponente
mas gasto pela erosão dos invernos
ou como o vento demasiado fresco em dezembro
ou o bafo quente de um agosto vagaroso
que em vez de caminhar, rasteja,
escavando túneis debaixo da terra húmida...