sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Renascer no submundo

Germinei em viúva negra,
danço sobre tentáculos de veludo
nesta teia que ferve
suor e lágrimas,
humedecendo-te o corpo estéril.

Sorvo as últimas gotas de sémen
que destilas em convulsivos orgasmos mudos,
cravo-te as mandíbulas afiadas
na carne viva que ainda pulsa
dentro dessa carcaça de réptil,
chupando-te o último suspiro
que palpita nessa ereção involuntária,
onde ejaculo charcos transparentes,
prenhes de futuros invisíveis.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Serpente

Esfumaço-me em pó estrelar
que se liberta dos teus lábios humedecidos...
Sulcas-me a vulva em erupção,
és prisioneiro do meu ventre líquido.

Serpenteio sobre o teu corpo hirto
em espuma quente e vadia,
escorrendo pela tua glande ereta
sob o véu prateado da lua cheia.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Inflamação

Como arrancar da carne viva
a viscosidade daninha que te infeta a vida,
o doce  fel que te penetra o ventre moribundo,
devorando-o em espuma e sal...
Mar que engole a areia húmida
prestes a explodir contra as rochas vulcânicas
que te circundam o corpo inconsciente.

Como apagar essa cor violeta
que te mancha o rosto adormecido,
as sombras negras que desaguam nos olhos
numa aguarela mutante sem fim.

De lábios comprimidos um no outro,
tento não expelir este grito mudo
que me fere a garganta seca
com punhais de álcool etílico.