sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ventre de água

Acordo com o gotejar de uma folha suspensa no meu olhar:
verde intenso, húmido, de um perfume fresco e invasivo
infiltra-se-me nos poros descobertos, nus,
de uma nudez de pele e luz!

A forma arredondada, mas de pontas afiadas,
ondula sobre o meu rosto de olhos distraídos e negros
e, entre as fendas do seu fino tecido esverdeado,
pirilampos espreitam e nenúfares brancos sorriem...

As gotas de orvalho agrupam-se em bandos
como andorinhas na terra das nuvens
formam uma lagoa transparente e macia
junto ao ventre!
Toco-lhe delicadamente:
textura de veludo, fria,
como um espelho em que me posso afundar!

Os pirilampos desenham uma bola mágica de luz
pintam-me com as cores da Primavera,
enquanto os sussurros do Outono
fazem adormecer a tenra folha
no meu ventre de água!

sábado, 22 de agosto de 2009

Espectáculo



É mesmo um Espectáculo este tema a dois: Manuela Azevedo dos Clã e Sérgio Godinho :)

"vamos dar à perna como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos bailar"

Bom fim-de-semana!!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Rotação


É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus
os meus olhos, não é porque o mundo parou, mas
porque esse breve olhar nos fez imaginar que
só nós é que o fazemos andar.

Nuno Júdice in "Pedro, lembrando Inês"


"Quando entro nos teus olhos" - Rádio Macau, "8"

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sopro

















O sopro que me dá forma e vida

sai dos teus pulmões, da tua boca…

Liberto-me de um tubo de plástico

encharcado em detergente,

absorvo-te o dióxido de carbono

e flutuo no ar…

Nesta transparência de ser,

sou azul, branco, verde, rosa e castanho.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Negro tinge-se de azul

O negro tinge-se de azul…

Quando uma andorinha levanta voo,
desenha um arco-íris de rosas e jasmim
e desfaz a nuvem cinzenta
que me escurecia a tela da vida.

Um aguaceiro de cores
desaba sobre o meu corpo sépia,
arranca-me os traços vermelhos e castanhos,
descobrindo-me a nudez da carne…

… o vermelho dos seios e dos lábios,
os movimentos líquidos como o azul da água,
cabelos ondulantes como o verde das folhas das árvores
e a simpatia do rosa no sorriso…

E os olhos?
Esses serão sempre negros!
Mas um negro cristalino,
de Lua Cheia,
que ilumina a noite mais cerrada
E anima o dia mais escuro.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Poeta

Trabalha agora na importação
e exportação. Importa
metáforas, exporta alegorias.
Podia ser um trabalhador
por conta própria,
um desses que preenche
cadernos de folha azul com
números
de deve e haver. De facto, o que
deve são palavras; e o que tem
é esse vazio de frases que lhe
acontece quando se encosta
ao vidro, no inverno, e a chuva cai
do outro lado. Então, pensa
que poderia importar o sol
e exportar as nuvens.
Poderia ser
um trabalhador do tempo. Mas,
de certo modo, a sua
prática confunde-se com a de um
escultor do movimento. Fere,
com a pedra do instante, o que
passa a caminho
da eternidade;
suspende o gesto que sonha o céu;
e fixa, na dureza da noite,
o bater de asas, o azul, a sábia
interrupção da morte.

Nuno Júdice

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Quando a Lua e o Sol dançam...



Riverdance (dança do rio) é um espectáculo de sapateado irlandês, reconhecido pelo rápido movimento de pernas.
Bill Whelan criou este bailado para um intervalo de 7 minutos, no Festival da Eurovisão de 1994. A Irlanda era a anfitriã e escolheu a cultura celta como tema para o espectáculo.
Riverdance conta com um grupo musical reduzido, composto por Davy Spillane, o violonista espanhol Rafael Riqueni, a búlgara multi-facetada Nikola Parov, o acordeonista Máirtín O'Connor e o percussionista Noel Eccles.


sábado, 8 de agosto de 2009

Serpentes de água


Serpentes de água
jorram desta fonte salgada
e mergulham no leito quente
que me escalda as raízes,
enterradas na lama de cimento.

Uma trovoada de pétalas
floresce dos meus ramos compridos e delgados.
Esvoaçam no prateado da lua,
pintando-lhe a luz de rosa, vermelho e amarelo.

As tintas escorrem-me pelo corpo molhado,
contornam-me os lábios em chama
e precipitam-se para o vulcão
que me arde nas entranhas!











Water Serpents II - Gustav Klimt

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Map of the problematique



Map of the problematique é uma das minhas músicas preferidas dos Muse. Pertence ao último álbum "Black Holes and Revelations" e faz parte da banda sonora da série "Crepúsculo" ou, em inglês, "Twilight". É uma saga de histórias de fantasia e romance sobre vampiros escrita por Stephenie Meyer. Isabella Swan (Bella), uma adolescente que se muda de Phoenix para Forks, em Washington, experimenta um mundo totalmente novo ao apaixonar-se por Edward Cullen, um vampiro.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Muse inspiram-se em "1984" de Orwell

"The Resistance" é o novo e quinto álbum de originais da banda britânica Muse.


Uma das grandes particularidades deste novo disco é a fonte de inspiração: "1984" de George Orwell.

O vocalista, Matt Bellamy, confessou à ‘Radio 1’, que já tinha lido "1984", por obrigação escolar, há cerca de 15 anos.

Na altura foi a vertente política do livro que captou a sua atenção, «mas desta vez foi muito mais atraído pela história de amor». Uma atracção que acabou por influenciar as letras de "The Resistance".

O lançamento está previsto para 14 de Setembro, mas no site oficial do grupo ou mesmo no youtube já é possível escutar uma das novas músicas: United States of Eurasia. Aqui, o rock alternativo mistura-se com o piano clássico de Chopin (Nocturno Op.9 No.2) e há resquícios de Queen em algumas passagens. A letra está igualmente bem construída.




Os Muse apresentam o novo álbum dia 29 de Novembro, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Lua Cheia

Espraiando-me em ondas de luz branca,
penetro no denso nevoeiro nocturno
que me acaricia as pálpebras
mergulhadas no sonho do amanhã...

Um leve estremecimento de pestanas
e encontro os meus lábios nos teus,
sinto-lhes o sabor salgado de mar
e a espuma deslizando no meu leito doce de rio!

Na tua íris transparente,
descubro uma lua cheia e luminosa...
Rodopio e olho-te novamente,
vejo-me dentro de ti!