sábado, 10 de julho de 2010

Sereia



















Fonte: Imotion


Os músculos ardem,
gritam-me nas entranhas moídas
notas de uma pauta de silvas e granito..
in de fi ni da...
Estrangulam-me as veias moles,
roídas pelo zumbido agudo
da abelha que perdeu o mel.

Desaguo numa foz sem oceano,
numa terra vazia, deserta.
A folhagem no topo das árvores nocturnas
estremece com o meu sorriso aberto
e uma lágrima salpica a teia de aranha
como o orvalho da manhã.

Onde estou?
Neste paraíso de rocha e verde profundo,
o mar ruge atrás das escarpas.
Espreito por entre dois arbustos de erva cidreira
e ouço o cântico salgado e sedutor.
Embalas-me numa melodia
forte, grave, quente...
… corro para os teus braços...
e de novo sou sereia!