sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Terra dura














Cavamos a terra dura e seca,
plantamos calos rijos de um lenhador velho…
Sinto-me escrava de pele suja.
Pés nus sobre a noite pálida,
solitária…
Apenas o silêncio
sentado na montanha gelada!

Descobrimos o inferno do meio-dia,
sob os chapéus de palha clara
e a compaixão do crepúsculo violeta
que traz a brisa fresca
e um manto fofo de nuvens negras.

Bebo o orvalho matinal das folhas tenras
e alimento-me da seiva do teu corpo.
Cantam-me os grilos nocturnos
a valsa da insónia
enquanto as cigarras se recolhem
e os pirilampos espreitam curiosos
Uma sombra que respira deitada
nas margens do rio lágrima.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Harpa virgem



















Toco a harpa virgem
de cordas finas, esticadas
no meu corpo de pele e carne…

Emito os agudos cristalinos do gelo
e os graves que habitam os trópicos…
A partitura despida de notas,
pautas vazias que deambulam ao meu compasso
e vão escrevendo a melodia febril
que me transpira dos poros abertos…

Veias dilatadas, camisa desabotoada,
abro as portadas rijas de madeira antiga:
entras leve e fresco vindo do orvalho da manhã,
trazes jasmim e rosas no teu dorso invisível…

Estremeço com esse toque de veludo,
levas-me num tufão brando de pétalas e folhas
e sopras-me o segredo da vida!