segunda-feira, 27 de março de 2017

PELE

São mãos que giram para calar o frio
esfregam o vento para se aquecerem,
dançam no rodopio das folhas caídas,
voando sobre a calçada escura vestida de chuva…

Prega-se ao corpo, lambe as solas gastas
dos sapatos roídos pelo tempo,
essa água miudinha que cai a pique
e arrasta a folhagem seca agora macia e húmida
como a pele encarquilhada que se expande, torna-se elástica
deixa de ser velha para espelhar
uma imagem difusa do passado.

As poças são mais honestas.
Revelam todos os caminhos e atalhos
tatuados nos cantos e vales desta pele de orvalho.