segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quimeras




Vis quimeras brotam como espinhos
deste de chão de pedra, vazio…
Perfuram-me as raízes das macieiras,
os caules tenros do rosmaninho…
Rasgam a terra macia,
Onde semeias trigo doce e rosas perfumadas!

Escuto-te ao relento deste corpo queimado:
 - a voz da maré-cheia ecoando
entre as rochas de escarpas pontiagudas!
E a espuma fresca das ondas
lavando-me as rugas do rosto cansado…
E a Lua cristalina
sossegando-me na sua concha prateada!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Rio da Lua



Roubo o brilho às estrelas de vidro
que me polvilham a íris salgada
e escuto o sussurro da noite gelada,
junto a um rio estático, denso
de ventre vadio e em chamas,
por onde desliza o traço luminoso
da sedutora e aveludada deusa Lua!

As raízes das macieiras
chupam-lhe os seios em flor,
as folhas beijam-lhe os lábios de licor
e as pétalas perfumam-lhe a pele macia
com aroma a rosas, tulipas e alecrim.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Semântica do Amor













Imagem retirada do Google

Escorrem-me aguarelas de um azul macio e transparente...

Desenham-me caminhos, escavam poços de água salgada,

onde mergulho as pestanas prateadas da lua

e molho as insaciáveis papilas da tua pele em chama.


Pigmentos dourados e cristalinos

soltam-se da minha paleta de tenras concavidades,

pintando morangos, uvas, rosas e orquídeas,

na tela onde te liquefazes em espuma e sal!


Beijo-te com os lábios da vulva

e segredo-te o significado de Amar!




















Muchacha en la ventana - Salvador Dali





















Acrílico: Fabio Kerr

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Nascente subterrânea


















Fotografia: Marcus Way

Nas profundezas deste deserto árido,
aparentemente seco e estéril,
corre um abundante lençol freático
cristalino como as duas grossas gotas
que me deslizam pelo rosto dorido,
carcomido pelos contínuos luares de vigília!

É um rio de prata
que brota de uma nascente subterrânea,
coberta de silvas e pétalas de sangue...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Languidez



















Languidez

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Numa noite...




Numa noite, a escutar e a ver David Fonseca, ao vivo, vi-me, de repente, presa nas páginas de Virginia Woolf:

"...sinto-me a flutuar, sem possuir um porto onde ancorar, incompleta, incapaz de construir uma câmara de vácuo, um muro, onde possa colocar estes corpos em movimento."

in "As Ondas" de Virginia Woolf




Engulo as lágrimas com sorrisos de agonia,
danço em fervor e delírio…
Escaldam-me as têmporas, dilatam-se!
O sangue bombeia mais intenso no pescoço esguio
e nem o frio prateado da noite
me liberta deste estado febril!

Onde estão os fios deste nó duro
que me sufoca a garganta?
Procuro, cega, no túnel da vida…
E só encontro pedras e portas trancadas…

A brisa nocturna sussurra-me ao ouvido,
canta-me a melodia das almas perdidas!

E eu...
... escondo-me no emaranhado de fios de cabelo!
Não quero escutar… mas o uivo continua!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Everybody's Gotta Learn Sometime

Dança da Vida

"A dança é a linguagem secreta da alma e do corpo"