quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Chão sem sonhos

Subo a rua vazia de tudo,
prenhe de sombras e fantasmas,
ventre de calçada suja,
intumescido por baixo das solas duras
que te pisam com raiva…

Prestes a estalar a placenta ácida
que germina nas tuas vísceras
e que nos corre nas veias negras,
que nos circunda os pulsos algemados
e os lábios aprisionados…

Enquanto os olhos esvoaçam,
criam nuvens e céu azul,
pintam universos encantados e luminosos
por cima do precipício que se aproxima…
De olhos fechados,
ensopados em mar,
mergulho na escuridão cerrada
que persegue os que deixaram de sonhar!