domingo, 24 de janeiro de 2010

E as nossas Ondas?



















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"As Ondas" é das obras mais profundas e intensas de Virginia Woolf, ícone da literatura britânica que, aos 59 anos de idade, decidiu pôr termo à vida.

Neste incrível teste aos limites do ser, Virginia explora fantasias, sonhos, frustrações e tristezas de seis personagens, acompanhando os seus percursos, da infância à velhice. Três rapazes: Bernard, a onda extrovertida e comunicadora mas superficial; Louis, de uma esplêndida rigidez e racionalidade, vive fechado sobre si próprio; e Neville, um poeta solitário que esconde a homossexualidade. Três raparigas: Susan, a onda de olhos verdes que habita o campo e sustenta a família; em Jinny a sensualidade e a beleza dançam no vestido; e Rhoda, mergulhada na melancolia das chuvas salgadas.

Percival é a sétima onda. Escutamos a sua rebentação no mar revolto, conhecemos a ousadia com que cavalga rochedos e penetra em grutas desconhecidas através de outros murmúrios e vestígios de espuma abandonados na areia. A sua coragem é sublime, a sua morte dramática e corrosiva... a finitude humana desaba sobre os seis corpos que se julgavam imortais!

Virginia conduz o leitor numa aventura de vários rostos, sempre através de monólogos interiores. Questiona o sentido da vida, da existência, exibe sem pudor os nossos medos e fraquezas. Nós, simples ondas que habitam um oceano imenso que dita as suas próprias leis, de compreensão difusa.

Seis ondas que refluem nas paredes internas de Woolf. E quantas habitam o nosso mar interno?
Foi esta esquizofrenia que levou a escritora à loucura e ao suicídio, a 28 de Março de 1941.




















Virginia Woolf por Vasco

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