segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Despertar da Terra do Fogo











Inspiro-te brisa das estepes frias…
os mamilos contraem-se num grito sibilante, ardente,
esvoaçando infinitamente tangente ao teu corpo nu…
Lábios semiabertos recebem-te em suor e lágrimas,
expirando o vapor quente que me consome o ventre rubro.

Deslizo-te entre os dedos em fios de água morna,
derretendo o gelo que te cobre a encosta verdejante,
descobrindo tocas de esquilos e frutos silvestres,
esconderijos de toupeiras, ninhos de andorinhas.

A lua desperta em chamas num manto de estrelas,
enquanto mergulho na tua íris esmeralda,
enquanto penetras este caminho ladeado de dunas
e um rio escaldante se liberta da minha represa…

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Lama

Calco as sombras que me tingem a pele nua,
danço entre nuvens cinzentas e charcos de luz,
procurando-te lençol de água pura,
escondido debaixo da lama sangrenta
que degola a aurora clara e a chuva macia.

Enterro as mãos nessas areias movediças
que devoram o leito de um rio que mirrou…
Montanhas de granito denso sulcam-te o corpo febril.
Bandos de corvos e morcegos embriagados
copulam nessa fonte de fel e troncos despidos
sob uma lua pálida, perdida…

Esvoaço entre colinas de sol e vales de sombra,
cegonha que abandonou o ninho quente
e partiu para os bosques frios de inverno
em busca da desumanidade pacífica e repelente...