domingo, 25 de abril de 2010
sábado, 17 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Princesa Desalento
Fonte da imagem: blogue Coração de Amores (Im)Perfeitos
Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É magoada, e pálida, e sombria,
Como soluços trágicos do vento!
É fágil como o sonho dum momento;
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria:
Minh'alma é a Princesa Desalento...
Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
O luar ouve minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta...
Florbela Espanca
Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É magoada, e pálida, e sombria,
Como soluços trágicos do vento!
É fágil como o sonho dum momento;
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria:
Minh'alma é a Princesa Desalento...
Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
O luar ouve minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta...
Florbela Espanca
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Perdida na floresta
Fonte da imagem: Filha da Lua Negra
Dormem os bichos
nas tocas de folhas e ramos secos.
Espreitam a meia-lua dourada
e o seu véu cintilante de estrelas aladas...
Escondo-me atrás de um carvalhal,
abraço o tronco denso e rugoso,
aspirando o aroma quente
que serpenteia no ar em tons rosa e violeta.
Sabores frescos, doces, suculentos
derretem-me na boca sedenta de alimento...
Procuro-te entre os ramos das amoras
e os pés das cerejas maduras…
As cigarras cantam
e os grilos dançam
sob os holofotes dos pirilampos…
E antes da aurora despertar a floresta
já os teus lábios me percorrem o corpo febril
e devoram o sal que desliza do meu ventre…
És o palco da vida onde danço livremente!
Dormem os bichos
nas tocas de folhas e ramos secos.
Espreitam a meia-lua dourada
e o seu véu cintilante de estrelas aladas...
Escondo-me atrás de um carvalhal,
abraço o tronco denso e rugoso,
aspirando o aroma quente
que serpenteia no ar em tons rosa e violeta.
Sabores frescos, doces, suculentos
derretem-me na boca sedenta de alimento...
Procuro-te entre os ramos das amoras
e os pés das cerejas maduras…
As cigarras cantam
e os grilos dançam
sob os holofotes dos pirilampos…
E antes da aurora despertar a floresta
já os teus lábios me percorrem o corpo febril
e devoram o sal que desliza do meu ventre…
És o palco da vida onde danço livremente!
terça-feira, 13 de abril de 2010
Terra escura
Fonte da imagem: blogue Lusovox
Terra escura
onde moram sombras vadias…
No teu leito, dormem criaturas perdidas,
filhas da tempestade quente do deserto.
Estendo a manta cinza
nas margens frescas e doces
do único rio que me atravessa a espinha!
E banho-me nas águas puras,
que jorras do teu corpo
perfumado a amêndoas e mel…
Lavas-me as raízes queimadas dos incêndios,
fertilizando-me o solo com novas sementes da vida!
Terra escura
onde moram sombras vadias…
No teu leito, dormem criaturas perdidas,
filhas da tempestade quente do deserto.
Estendo a manta cinza
nas margens frescas e doces
do único rio que me atravessa a espinha!
E banho-me nas águas puras,
que jorras do teu corpo
perfumado a amêndoas e mel…
Lavas-me as raízes queimadas dos incêndios,
fertilizando-me o solo com novas sementes da vida!
sábado, 10 de abril de 2010
Impetuoso
Impetuoso, o teu corpo é como um rio
onde o meu se perde.
Se escuto, só oiço o teu rumor.
De mim, nem o sinal mais breve.
Imagem dos gestos que tracei,
irrompe puro e completo.
Por isso, rio foi o nome que lhe dei.
E nele o céu fica mais perto.
Eugénio de Andrade
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Navego mar adentro
Fonte da imagem: blogue Asa que não voa
Icei as velas
no mar brando e sereno…
quando se levantou uma brisa agreste
vinda das terras exóticas de Leste!
Uma cantiga morna e dormente
embalou-me o corpo ao relento,
seguro na madeira quente do leme.
Até que um uivo mais forte e estridente
estremeceu o cabelo solto,
ondulando livre pelos ombros,
ao ritmo deste pedaço de água
que me banha a proa
de espuma e sal queimado.
Estendo-me nua
sob uma tela de azuis pálidos,
raiados de violeta e amarelo-torrado.
A tua mão transparente
desliza-me pelo pescoço fino
e detém-se na curva dos seios fartos.
Respiro-te o ar adocicado
mordendo-me o ventre febril…
Sopras mais forte
e transformas-te em vento do Sul
enquanto rebento numa onda de espuma prateada…
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