foto tirada em Almograve
Em cada dobra desse azul
de cetim
fervilham-te os dedos
miúdos,
enrolados na linha branca
que baloiça
na bainha do teu vestido
mágico,
onde céu e mar se fundem
no dourado da tarde,
na frescura inocente da
tua pele clara.
A sandália branca
enterrada na areia
é a espuma das ondas que
beijam a terra…
E assim caminhas,
sonhando,
enquanto mimas o vento
endiabrado
que salta, voa, empurra,
puxando-te para a frente e
para trás
como se fossem bailarinos
de uma dança sem
coreografia!
Corri e fui ter com as rochas
do paredão…
Rugidos de água salgada
explodiam,
uma orquestra infernal em
rodopio:
trombones e contrabaixos,
bombos e fagotes abafavam
qualquer violino.
Enquanto o mar engolia aquele pedaço de pedra
que um dia se
transformaria em areia fina,
em bicos de pés e com o
vestido molhado
estendi-me ao sol na
inclinação a Sul,
já o granito se tornara
mais loiro e macio.
Parecia um escorrega, mas
os tentáculos dos moluscos
eram autênticas ventosas que me permitiam
percorrer as zonas mais perigosas
como se fosse uma menina do mar!