Pedaço de alcatrão turvo
que me sustenta o corpo mudo,
segues a linha contínua,
peregrina deste uivo surdo,
deste ranger de veias ocas
sem corrimento de vida,
sem palpitações de medo.
Terra batida que se estende no horizonte
vagueia-me na íris
presa entre pálpebras caídas,
moídas de lágrimas.
Farrapos de azul dançantes
distraem-me por instantes.
Sorvo-os como oxigénio
e descanso os olhos tensos.
Humedecem-me as faces rubras
de tantas noites ao relento.
Provo o sabor dessa transparência molhada
que se fixa no contorno do rosto.
É salgada, é vida!
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