quarta-feira, 10 de julho de 2013

Diário













Agarro-te esse traço curvo com que finalizas o meu nome,
a tinta escura que desliza da caneta
tinge-me a bainha negra
que se desprende do vestido de cetim violeta...

Reconheço-te esse contorno mais forte
que sublinha vogais abertas, sons exclamativos
e a sombra mais frágil e trémula retida nas entrelinhas,
quando hesitas, escreves e rabiscas traços inseguros,
que se desprendem e esvoaçam pelas páginas do teu livro...

Rasgo uma e outra folha completamente vazias
pálidas, despidas...
sem uma linha ou um risco indevido...
É uma ausência de ser, uma apatia profunda
que se abate sobre os meus olhos embaciados
como se o amanhã não pudesse nascer,
qual rebento de planta que não consegue desabrochar e dar flor,
como se o passado se desfizesse entre os dedos de uma criança
deslizando em grãos de areia fina e branca...

Sem comentários:

Enviar um comentário