quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Ser quem sou

Ser quem sou, 
desejar o que tenho,
gostar do que vejo, do perfume da minha flor,
das raízes que a alimentam e da chuva que a hidrata...
... das palavras que me são ditas,
dos cumprimentos banais com que nos tocamos,
desconhecidos mas cúmplices,
porque todos nascemos do corpo de uma mulher,
fecundada pela virilidade de um homem...
Querer guardar as memórias que me escorrem das mãos em pequenos grãos...
Sentir falta do que me define e por vezes se desprende
como um pequeno ramo mais débil caindo de uma árvore frondosa...
Acordar debaixo dessa copa verdejante
e abraçar-me ao lençol macio em que me deito todas as noites...
Já o dia se vestiu de negro, é um tecido opaco mas brilhante...
Por uma luz semicircular desliza até ao meu rosto,
sinto-lhe a mão aveludada enxaguando-me as lágrimas quentes...
Este marejar que me ofusca e tortura 
a cada passo febril que calca a terra turva e fria...
Ouço-te... mas quem?
Se és a voz que me vibra na laringe!
Habitas-me!



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