Escondes-te nessa clareira prateada de areia fina,
protegida por ciprestes altos e sobreiros frondosos,
guardiões do último pedaço de luz celeste
que ainda sobrevive no manto de escuridão que cobre a terra...
Desenho-te as pegadas que tatuas enquanto caminhas,
absorvo-te o suspiro de alívio quando amanhece ou em noite de lua cheia,
mas não te conheço forma física ou cor de pele,
apenas uma mancha escura e ondulante que esvoaça
projetada no círculo de terra clara e macia, sempre iluminada:
de dia pelo sol, à noite pelas estrelas e pelo luar
e quando é preciso pelos pirilampos ou por uma fogueira...
Pendurada no ramo mais alto de um carvalho já consumido pelas sombras,
observo-te ao longe com a minha penugem de coruja branca:
os meus grandes olhos negros sabem que a tua missão é pintar o mundo!
Ofereço-te uma das minhas penas e uma paleta de tintas...
A água das chuvas e a seiva das plantas mas também o pólen das flores e as abelhas
serão os teus guias após o meu voo da despedida!
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