A cadeira baloiça como o sino mudo,
sem badaladas.
O corpo range nas dobradiças gastas…
Madeira seca, desbotada
cobre-me a pele ainda jovem…
Estico as pernas para a frente,
agora dobro novamente,
mais depressa, uma outra vez…
as sombras esvoaçam por entre os cortinados,
saltam em silêncio pelo soalho antigo,
deitam-se no sofá, nas almofadas
e deslizam para o chão
como aguarela preta que escorre da tela…
Encosto a cabeça para trás,
fitando o teto vazio,
a dobra de carvalho cravando
a sua rigidez no meu pescoço…
Lá em cima desmaiou a claridade do dia
e o branco torna-se mais sujo…
O baloiço dos ponteiros do relógio
move-se ao ritmo do segundo…
Tenho a alma presa nesta roda gigante,
nada mais somos que tempo
minutos, horas!
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