Fonte da foto: Suspiros e Devaneios...
As cores do fogo
lambem-me a seiva do tronco,
crepitam-me nas folhas estaladiças
que brincam às escondidas
com os meus pés disfarçados de botas!
Acelero o passo vagaroso e sombrio,
com o vento húmido do Outono
deslizando-me pelos cabelos despenteados
e acariciando-me o rosto cansado!
Os estalidos são agora mais frequentes,
no manto colorido de vermelho, castanho e laranja!
As texturas macias do verde
são silêncios na pauta desafinada
e um voo infrutífero das notas mais ousadas!
Suspensa na névoa do entardecer,
a batuta aponta para o mar revolto,
emudecendo a espuma branca
que borbulha no cimo das ondas douradas!
Gaivotas famintas
lançam-se neste espelho azul salgado,
torrado pelos violetas do crepúsculo…
Abrando o passo ofegante,
com um rasto de pegadas vazias,
bebo as últimas chuvas do dia
e estendo-me…
sobre um lençol de luz prateada…
Chove me mim,
ResponderEliminarchuva que não lava,
nem sequer transparente é...
Deixo chover, esvaziar-se o meu céu...
ouço os pingos bater no chão
ecoando em estrondos,
que ninguém consegue escutar...
a voz apaga-se, o olhar turva-se
e não me deixa ver a imagem do que sou,
do que quero ser...
diluem-se os meus sonhos,
inundam-se os meus caminhos,
desfazem-se as minhas rotas,
as que ainda não construí
nem sequer havia sonhado...
Deixo chover
no meu rosto e na minha alma
e reconforto-me por saber
que nenhuma gota voltará ao lugar de origem...
beijo cada gota que cai...
a chuva, quando cai, faz chover...
em mim!...