A manhã acordou sem orvalho,
sem o chilrear dos pássaros cantores…
As primeiras cores do dia desmaiaram
sobre os finos lençóis de luz violeta
que me cobrem o corpo pálido.
Olho o aguaceiro agoniado,
arranhando as faces de vidro
do meu rosto reflectido na janela…
… respiro-te o dióxido de carbono fantasma
e aconchego-me nessa ausência gelada…
Um uivo triste esvoaça perdido
por entre os ramos despidos da floresta
e refugia-se nos escombros deste edifício,
outrora um palácio de rosas e madressilvas.
Bates à janela e deixo-te entrar!
Mergulho nas tuas asas macias,
de penas brancas,
e voamos ao encontro do orvalho da manhã!
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