Vis quimeras brotam como espinhos
deste de chão de pedra, vazio…
Perfuram-me as raízes das macieiras,
os caules tenros do rosmaninho…
Rasgam a terra macia,
Onde semeias trigo doce e rosas perfumadas!
Escuto-te ao relento deste corpo queimado:
- a voz da maré-cheia ecoando
entre as rochas de escarpas pontiagudas!
E a espuma fresca das ondas
lavando-me as rugas do rosto cansado…
E a Lua cristalina
sossegando-me na sua concha prateada!
Maria das Quimeras me chamou
ResponderEliminarAlguém.. Pelos castelos que eu ergui
P'las flores d'oiro e azul que a sol teci
Numa tela de sonho que estalou.
Maria das Quimeras me ficou;
Com elas na minh'alma adormeci.
Mas, quando despertei, nem uma vi
Que da minh'alma, Alguém, tudo levou!
Maria das Quimeras, que fim deste
Às flores d'oiro e azul que a sol bordaste,
Aos sonhos tresloucados que fizeste?
Pelo mundo, na vida, o que é que esperas?...
Aonde estão os beijos que sonhaste,
Maria das Quimeras, sem quimeras?...
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"