Procuro a luz agora submersa
no mar de espuma salgada...
Esse raio de sol quente e rubro
que me fervia a alma revolta,
que me impelia contra as rajadas de vento,
sacudindo-me o cabelo negro no céu claro!
Procuro a doçura do entardecer violeta
que se espraiava lascivamente no meu ventre
em asas de borboletas e pirilampos cintilantes...
Procuro essa inexistência que me angustia
e me traça um caminho íngreme e escorregadio,
empurrando-me para um rio de águas mortas.
Alimento da carne e da alma
escasseia nestes dias de fome e melancolia.
As árvores secaram e as flores perderam o perfume.
Insetos famintos sugam-me os últimos pedaços,
que me sustentam neste caule apodrecido,
carcomido pela vontade inerte e utópica
de resgatar das profundezas desta caverna
a chama que me aquecia em dias de Inverno.
A dor de cada dentada
crava-se-me na garganta e dissipa-se
no marulhar dos meus olhos tingidos de noite...
Caem-me sementes de mágoa transparente
nesta terra outrora fértil e voluptuosa,
plantando-me trepadeiras de grossas raízes,
sedentas de água e matéria-viva em estado virgem.
sábado, 11 de abril de 2015
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