segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quimeras




Vis quimeras brotam como espinhos
deste de chão de pedra, vazio…
Perfuram-me as raízes das macieiras,
os caules tenros do rosmaninho…
Rasgam a terra macia,
Onde semeias trigo doce e rosas perfumadas!

Escuto-te ao relento deste corpo queimado:
 - a voz da maré-cheia ecoando
entre as rochas de escarpas pontiagudas!
E a espuma fresca das ondas
lavando-me as rugas do rosto cansado…
E a Lua cristalina
sossegando-me na sua concha prateada!

1 comentário:

  1. Maria das Quimeras me chamou
    Alguém.. Pelos castelos que eu ergui
    P'las flores d'oiro e azul que a sol teci
    Numa tela de sonho que estalou.

    Maria das Quimeras me ficou;
    Com elas na minh'alma adormeci.
    Mas, quando despertei, nem uma vi
    Que da minh'alma, Alguém, tudo levou!

    Maria das Quimeras, que fim deste
    Às flores d'oiro e azul que a sol bordaste,
    Aos sonhos tresloucados que fizeste?

    Pelo mundo, na vida, o que é que esperas?...
    Aonde estão os beijos que sonhaste,
    Maria das Quimeras, sem quimeras?...

    Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

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